Com o casamento real se aproximando, o tal do tema casório volta à tona. É um casamento de conto de fadas, com rainha e príncipes de verdade e todos os ingredientes dignos do mais lindo "felizes para sempre".
Tenho várias amigas e irmã e primas que se casaram recentemente e não tenho absolutamente nada contra casamentos. Acho lindo e em todos esses casamentos os noivos pareciam realmente apaixonados, com boas perspectivas de escreverem não só finais, mas também histórias inteiras de vida em comum feliz de verdade.
Por outro lado, vejo amigas solteiras, sem namorado e sem perspectivas concretas de receberem um anelzinho de "para sempre", pelo menos no curto prazo. Minha irmã é especialista no assunto e escreve de um jeito muito leve sobre as desventuras e angústias dessas tais "sem perspectivas", que ela chama de "bonitonas encalhadas".
Bem, depois que minha irmã se casou, ouvi gente dizendo por aí que herdei o cargo, que eu seria agora a própria "bonitona encalhada". O que acho engraçado é que estou quase chegando aos 27, não tenho namorado e talvez eu devesse estar começando mesmo a me preocupar. Mas, bem sinceramente, esse tipo de preocupação anda longe dos meus pensamentos. E, vendo algumas amigas tão angustiadas, comecei a me questionar o porquê desse meu "desleixo", apesar de ter certeza absoluta de que continuo tão romântica quanto sempre fui.
Pra mim, o que parece que as pessoas não vêem é que, por mais que um amor pra vida toda seja muito bom e muito lindo, não é a única possibilidade para ser feliz. Os amores não eternos também são gostosos e especiais. Têm um sabor diferente e também podem preencher vazios. São amores de momento, é verdade, mas o que é a vida da gente, se não a junção de vários momentos? São amores de momento E de verdade.
Acho que quando as pessoas lêem o poema de Vinícius, se prendem ao "que seja infinito enquanto dure" porque sempre pensam só nos amores do presente, mas se esquecem do "que eu possa lhe dizer do amor (que tive)", que remete exatamente ao preenchimento que os amores vividos, mesmo que não tenham durado para sempre, proporcionam.
Amores passados também dão a sensação de vida bem vivida e enchem nossa memória de boas lembranças.
Amores não eternos são como sorvete. São saborosos, mas não dá pra guardar, se não derrete sem que a gente consiga experimentar. E se a gente deixa no congelador tempo demais, vence, perde a cremosidade, aquela textura gostosa de sorvete novo. Esses amores têm que ser consumidos no tempo certo, e melhor ainda se der pra se lambuzar. Quando acabar, acabou, deixa gosto de queria mais. Ou não. A gente pode simplesmente ficar com vontade de provar outro sabor.
Fico triste quando as pessoas acham que não vale, que não era de verdade só porque não durou pra sempre. E amores passados não precisam virar inimigos, não precisamos manter sempre longe, como se fossem venenos. Se bem resolvidos, esses amores podem virar amizades verdadeiras e leais e a gente pode acabar extraindo muito das pessoas que acabaram nos conhecendo profundamente, quando nos dispusemos a nos entregar a elas inteiramente. Esses amores podem inclusive nos ajudar a descobrir faces de nós que, sozinhos, não conseguiríamos ver e, se não é um amor só, as faces que descobrimos são múltiplas e riquíssimas.
Ou seja, viver muitos amores (cada um em seu tempo, que fique bem claro) é uma forma de se descobrir e descobrir várias maneiras de inclusive ser feliz sem um amor pra vida inteira.
Desejo que William e Kate sejam realmente tão felizes quanto uma história de uma princesa e um príncipe promete. Mas, pra quem não encontrou um grande amor, o meu desejo é que descubra, assim como eu, que também é possível ser muito feliz sem se casar, porque uma vida sem um marido, é muito diferente de uma vida sem amor.
Ou seja, viver muitos amores (cada um em seu tempo, que fique bem claro) é uma forma de se descobrir e descobrir várias maneiras de inclusive ser feliz sem um amor pra vida inteira.
Desejo que William e Kate sejam realmente tão felizes quanto uma história de uma princesa e um príncipe promete. Mas, pra quem não encontrou um grande amor, o meu desejo é que descubra, assim como eu, que também é possível ser muito feliz sem se casar, porque uma vida sem um marido, é muito diferente de uma vida sem amor.