segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

No caminho - Parte 1: quando a menina reencontra suas origens

A menina resolveu andar por aí. Andou por terras distantes e fez coisas que sempre sonhara, como um boneco de neve ou uma aula de surf. Sentiu a alegria de redescobrir a sensação de crianças procurando um meio de se divertir, inventando uma brincadeira qualquer, por mais chato que o ambiente possa parecer.

Respirou poesia com Pessoa, Saramago, Clarice Lispector e Cora Coralina. Lembrou-se que as pessoas podem ser múltiplas, que são humanas e assim devem se encarar. Que podem ser ora tristes, ora felizes, e que, não importa quantos anos se tenha, nunca é tarde demais para realizar.
 
No caminho, aquela menina matou muitas saudades. Viu pessoas que a conheciam desde quando nem ela mesma sabia quem ela era, ou quem poderia ser. Descobriu que essas pessoas devolviam a ela a sensação de que ela sempre FOI. Sempre esteve aqui. E continua. Mas que nem sempre foi exatamente assim.
A menina conseguiu perceber que muita coisa havia realmente mudado, mas também encontrou muita coisa que continuava igualzinha ali dentro. Achou que tem coisa que não muda porque não precisa mudar.

E também viu que nem sempre é fácil fazer os outros perceberem que tem coisas que não são mais.

Constatou: as pessoas melhoram, revêem conceitos e atitudes, aprendem a lidar consigo mesmas, com seus sentimentos e os dos outros e passam a compreender melhor a si mesmas e aos que as rodeiam. Mas, os desafios estão sempre aparecendo.

Há sempre muito a descobrir. No mundo e em nós.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal

Dia 24 de dezembro está chegando e, devido à iminente greve dos nossos queridos comissários de bordo, ainda não sei se vou chegar em casa a tempo de ceiar com as pessoas que eu amo. Talvez eu fique presa no aeroporto, ou talvez tenha que passar a noite de Natal saculejando em um busão, pra pelo menos chegar pro almoço do dia 25, e comer o resto da ceia.

Não li o livro "O Segredo", mas juntando uns comentários que ouvi aqui e ali, aderi fervorosamente à técnica do pensamento positivo pra fazer as coisas acontecerem do melhor jeito possível. No Natal não vai ser diferente. Já estou enviando todas as minhas forças pensamentais pro aeroporto de Congonhas e de Confins e já posso me ver chegando e abraçando meu pai e minha mãe, feliz por ter conseguido chegar a tempo de ir pra casa da Vovó.

E enquanto, sigo rezando pra que tudo dê certo, deixo por aqui uma propaganda que me faz lembrar a minha infância com uma música que, até hoje, é a minha preferida de Natal:

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Um toquinho de mineirês

Sim, eu sou mineira e chamo tudo de trem. Eu ando é no passeio e não na calçada. Prendo o cabelo com gominha. Acho arrebentar bem diferente de estourar e no meu aniversário eu encho balão e não bixiga. Não dou fora, eu dou manota. Se estou feliz, solto foguete e não rojão.

Pra cozinhar, eu ligo o "fugão". Fogão eu deixo pra gritar só quando o Botafogo  vai pegar o Cruzeiro no Brasileirão.

Pra enxugar prato eu uso pano de prato, com guardanapo eu limpo a boca e as mãos. Aliás, se comi um lanche pode ter sido  pão de queijo ou coxinha, porque pra mim sanduíche é sanduíche mesmo e lanche é o que se diz da mini-refeição.

Pra caber, eu peço "arreda aí", que em paulistanês poderia ser um chega pra lá (que é muito menos charmoso). No fim do ano o meu amigo é oculto e não secreto. Se me impressiono eu digo "Nuuuuuuu", se aceito um convite eu "animo" e se gostei muito do convite eu "animo demais". 

E entre um uai e outro, vou ensinando mais vocabulário pr'essa gente, que paulistano é meio estranho, chama é de ê, biscoito de bolacha e BH Trans de C-Ê-T!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sentindo-se mais mulher

"Era como se dentro de si habitasse uma outra mulher, com nula dependência do senhor ou de um esposo por ele designado, uma fêmea que decidira, finalmente, fazer uso total da língua e da linguagem que o dito senhor , por assim dizer, lhe havia metido pela boca abaixo. Atravessou o riacho gozando da frescura da água que parecia difundir-se-lhe por dentro das veias ao mesmo tempo que experimentava algo no espírito que talvez fosse a felicidade, pelo menos parecia-se muito com a palavra."
José Saramago em "Caim"

domingo, 19 de dezembro de 2010

A estupidez racional

Eu SEI disso, mas não é o que eu sinto.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Volta

Sim. Confesso. Chego como uma filha pródiga que de repente volta ao lar pedindo perdão pela falta de educação do sumiço repentino, pela ausência total de qualquer satisfação.

Não. Não disse adeus nem até logo. Não disse se pretendia voltar um dia: eu simplesmente desapareci. Note: eu não sabia se, e nem quando voltaria.

Ouvi chamarem-me de preguiçosa e não encontrei argumentos convincentes para me defender. Talvez fosse mesmo preguiça de continuar simplesmente como estava: meia-boca. Então, assumindo o vácuo em meu sistema falatório (e escrevitório) apenas calei-me.

Ainda assim, volto com muito óleo de peroba nessa minha cara-de-pau e ainda me acho merecedora de redenção.

Calei-me para tentar ouvir a vida. Sumi porque não sabia onde eu estava. Fui ao meu encontro.

E aqui estou.

Aos poucos, pretendo contar, de um jeito ou de outro, o que eu (re)descobri por aí. Mas vamos sem pressa, sem falsas promessas, que não sei ainda se poderei (ou se quererei) cumprir.

 Vamos devagar, mas com um blog novo, de cara nova, como quando  uma mulher pinta ou corta radicalmente o cabelo, só pra reforçar que tem alguma coisa diferente aqui.
Declaro inaugurada, a partir deste momento, uma NOVA FASE.